segunda-feira, 22 de outubro de 2012

"Eu tenho uma espécie de dever,
dever de sonhar,
de sonhar sempre,
pois sendo mais do que
um espetáculo de mim mesmo,
eu tenho que ter o melhor espetáculo que posso.
E, assim, me construo a ouro e sedas,
em salas supostas, invento palco, cenário
para viver o meu sonho
entre luzes brandas
e músicas invisíveis."     Fernando Pessoa
 
Porque será que nos esquecemos tantas vezes de sonhar, de continuar a sonhar, de sonhar novos sonhos, de tentar concretizar os nossos sonhos?
Porque será que nos deixamos engolir pela rotina diária da nossa vida? Essa rotina que se instala quando deixamos de ter objectivos no nosso dia-a-dia, quando nos levantamos apenas para mais um dia sem qualquer tipo de emoção?
Porque será que desistimos de nós?
 
 
[Divagando]

terça-feira, 9 de outubro de 2012

“…Porque muitas vezes fica por dizer o que se sente, porque consideramos que vamos ter sempre mais tempo, para dizer o que realmente importa, porque muitas vezes a voz falha e não conseguimos expor por palavras ditas, o que sentimos. Porque esse nó que se forma é tão grande que nos tira a voz.
Porque devemos de dizer sempre que sentimos saudade, que temos saudade, de todos os momentos, de todos os olhares, de todos os sorrisos, de todos os beijos roubados, de todos os abraços, tão fortes que parece que tudo à volta se desvanece, que ficam só os dois e que nada mais importa, de todas as caricias trocadas que nos fazem levitar e não querer sair dos braços um do outro, do toque suave da mão dele no inicio, que depois toma uma força que a faz render, dos beijos longos trocados que fazem parar o mundo, das palavras trocadas, nunca uma dita em vão, da voz dele, não existe melodia mais bonita que o som da voz de quem nos diz que nos ama e que nós amamos, da inocência do olhar, esse olhar que fica gravado na nossa mente e que vamos buscar às nossas memorias quando a saudade aperta, a inocência desse olhar, a cumplicidade desse olhar, apenas ele e ela sabem o que quer dizer, apenas ele e ela o sentem. Porque fica sempre tanta coisa por dizer?! E se depois for tarde de mais? Não deveríamos de deixar palavras por dizer, devíamos de dizer que conhecemos cada contorno da sua face, devíamos de dizer que é ele quem vemos quando acordamos e quando fechamos os olhos no refugio da nossa almofada, que sentimos o perfume dele mesmo quando ele não está, que em momentos ele nos faz sentir ódio mas segundos depois já nada importa porque ele nos fez sorrir, devíamos de dizer que quando estamos sem ele parece que ficamos sem ar, que as lágrimas caem pela nossa face, mesmo quando as tentamos esconder, que ficamos sem vontade de comer, de beber até ouvirmos a voz dele, que é o sorriso dele que abre o nosso, que é a voz dele que faz o nosso dia correr bem.

Mas porque é que teimamos em não dizer? Vergonha, medo? Afinal nunca sabemos como ele vai interpretar as nossas palavras. E assim ficam sempre guardadas para nós, como um pequeno tesouro, que não deixamos mais ninguém conhecer…E quantas outras palavras ficarão ainda por dizer…”