“…Porque muitas vezes fica por
dizer o que se sente, porque consideramos que vamos ter sempre mais tempo, para
dizer o que realmente importa, porque muitas vezes a voz falha e não
conseguimos expor por palavras ditas, o que sentimos. Porque esse nó que se
forma é tão grande que nos tira a voz.
Porque devemos de dizer sempre
que sentimos saudade, que temos saudade, de todos os momentos, de todos os
olhares, de todos os sorrisos, de todos os beijos roubados, de todos os
abraços, tão fortes que parece que tudo à volta se desvanece, que ficam só os
dois e que nada mais importa, de todas as caricias trocadas que nos fazem
levitar e não querer sair dos braços um do outro, do toque suave da mão dele no
inicio, que depois toma uma força que a faz render, dos beijos longos trocados
que fazem parar o mundo, das palavras trocadas, nunca uma dita em vão, da voz
dele, não existe melodia mais bonita que o som da voz de quem nos diz que nos
ama e que nós amamos, da inocência do olhar, esse olhar que fica gravado na
nossa mente e que vamos buscar às nossas memorias quando a saudade aperta, a inocência
desse olhar, a cumplicidade desse olhar, apenas ele e ela sabem o que quer
dizer, apenas ele e ela o sentem. Porque fica sempre tanta coisa por dizer?! E
se depois for tarde de mais? Não deveríamos de deixar palavras por dizer, devíamos
de dizer que conhecemos cada contorno da sua face, devíamos de dizer que é ele
quem vemos quando acordamos e quando fechamos os olhos no refugio da nossa
almofada, que sentimos o perfume dele mesmo quando ele não está, que em
momentos ele nos faz sentir ódio mas segundos depois já nada importa porque ele
nos fez sorrir, devíamos de dizer que quando estamos sem ele parece que ficamos
sem ar, que as lágrimas caem pela nossa face, mesmo quando as tentamos
esconder, que ficamos sem vontade de comer, de beber até ouvirmos a voz dele,
que é o sorriso dele que abre o nosso, que é a voz dele que faz o nosso dia
correr bem.
Mas porque é que teimamos em
não dizer? Vergonha, medo? Afinal nunca sabemos como ele vai interpretar as
nossas palavras. E assim ficam sempre guardadas para nós, como um pequeno
tesouro, que não deixamos mais ninguém conhecer…E quantas outras palavras
ficarão ainda por dizer…”