domingo, 22 de abril de 2007

Principe Encantado mito ou real?!

A pessoa certa não é a mais inteligente, a que nos escreve as mais belas cartas de amor, a que nos jura a paixão maior ou nos diz que nunca se sentiu assim. Nem a que se muda para nossa casa ao fim de três semanas e planeia viagens idílicas ao outro lado do mundo.
A pessoa certa é aquela que quer mesmo ficar connosco. Tão simples quanto isto. Às vezes, demasiado simples para as pessoas perceberem. O que transforma um homem vulgar no nosso Príncipe é ele querer ser o homem da nossa vida. E há alguns que ainda querem.
Os verdadeiros Príncipes Encantados não têm pressa na conquista, porque já escolheram com quem querem passar o resto da vida, têm todo o tempo do mundo; levam-nos a comer um prego no prato porque, de futuro, sabem que, nos vão levar á Tour d' Argent; ouvem-nos com atenção e carinho porque se querem habituar à música da nossa voz, e entram-nos no coração bem devagar, respeitando o silêncio das cicatrizes que só o tempo pode apagar. Podem parecer menos empenhados ou sinceros que os antecessores, mas aquilo a que chamamos hesitação ou timidez, talvez seja apenas uma forma de precaução. Eles querem ter a certeza que não se vão enganar.
O Príncipe Encantado não é o namorado mais romântico do mundo que nos cobre de beijos; é o homem que nos puxa o lençol para os ombros a meio da noite para não nos constiparmos ou se levanta às três da manhã para nos fazer um chá de limão quando estamos com dores de garganta. Não é o que nos compra discos românticos e nos trauteia canções de amor no voice mail, é o que nos ouve falar de tudo, mesmo das coisas menos agradáveis.
Não é o que diz "Amo-te", mas o que sente que talvez nos possa amar para sempre. Não é o que passa metade das férias connosco e a outra metade com os amigos, é o que passa de vez em quando férias com os amigos.
O Príncipe que sabe o que quer não é o melhor namorado do mundo; é o melhor marido do mundo, porque não é o que olha todos os dias para nós, mas o que dá por nós todos os dias. Que tem paciência para os meus, os teus, os nossos filhos e que ainda arranja um lugar na mesa para os filhos dos outros. Que partilha a vida e vê em cada dia uma forma de se dar aos que lhe são próximos. Que ajuda os mais velhos a fazer os trabalhos de casa e põe os mais novos a dormir com uma história de encantar. Que, quando está cansado, fica em silêncio, mas que nunca deixa de nos envolver com um sorriso.
(...)
O Príncipe é um Príncipe porque governa um reino, porque sabe dar e partilhar, porque ajuda, apoia e nos faz sentir que somos mesmo muito importantes.
Ora, com tantos sapos no mercado, bem vestidos, cheios de conversa e tiradas poéticas, como é que não nos enganamos? É fácil. Primeiro, é preciso acreditar que, ás vezes nos enganamos mesmo. E depois, é preciso acreditar que, um dia, podemos ter sorte. E como o melhor de estar vivo é saber que tudo muda, um dia muda tudo e ele aparece. Depois, é só deixá-lo ficar um dia atrás do outro...Se for mesmo ele, fica.


Margarida Rebelo Pinto em "Vou contar-te um segredo"

1 comentário:

Scarlett Farm disse...

Não sou especial amante de Margarida Rebelo Pinto como escritora. As suas histórias revelam-se banais, e por vezes cheias de um romantismo frio. Contudo, neste pequeno excerto que aqui apresentaste, tenho que concordar plenamente com ela, e ficar simplesmente deliciada com o sonho de menina, de miúda, e de mulher, de qualquer uma de nós.